Não é novidade que o ensino de inglês nas escolas regulares sempre foi deficiente e ineficaz e, por essa razão, nosso país é repleto de escolas de idiomas que tentam compensar tal incapacidade.
Um pedaço da história
O ensino da língua inglesa em terras tupiniquins foi algo que começou no início dos anos 1800. Como os ingleses foram os responsáveis por escoltar os navios da coroa portuguesa até o Brasil, eles ganharam o direito de fazer negócios na colônia. Com isso, em junho de 1809, o ensino do inglês se tornou oficial com a criação de cadeiras de educação de francês e inglês no sistema educacional brasileiro. Até esse momento, latim e grego eram lecionados nas escolas.
Mas, foi apenas na década de 1930 que o ensino de línguas começou a mudar. Com uma reforma curricular, o inglês e o francês foram privilegiados e ganharam uma carga horária maior nas escolas.
Dias de hoje
Mais de 200 anos após a oficialização do ensino de inglês nas escolas, ainda não conseguimos atingir um nível satisfatório de fluência dos brasileiros. Uma pesquisa realizada anualmente pela Education First – Índice de Nível de Proficiência em inglês – coloca o Brasil em 53º lugar em uma lista de 100 países (relatório 2020). Na América Latina, estamos atrás de Argentina, Costa Rica e Chile que ocupam as posições 25º, 36º e 37º respectivamente.
Contexto escolar
Nas escolas públicas, temos um contexto marcado pela desigualdade social, econômica e cultural. O quadro é agravado com problemas decorrentes da utilização de metodologias inapropriadas ao cenário, desvalorização e despreparo dos educadores, tecnologias obsoletas, falta de investimentos e políticas públicas mal geridas. Ou seja, um contexto que contribui para os resultados insignificantes obtidos no ensino de inglês dessas escolas.
Por um outro lado, no setor privado, o panorama pode ser um pouco diferente, principalmente nas grandes metrópoles.
Como a exigência pela fluência do inglês tornou-se extremamente expressiva e a preparação dos jovens para um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e um mundo totalmente globalizado são inquietações recorrentes dos pais, muitos deles começaram a buscar por alternativas que atendessem, de forma eficaz, essas necessidades atuais.
Com isso, a oferta e demanda por escolas bilíngues e escolas com programas bilíngues teve um aumento vertiginoso. Dados da Associação Brasileira do Ensino Bilíngue (Abebi) apontam um aumento entre 6% e 10% no segmento de escolas bilíngues do país nos últimos cinco anos. Estima-se que haja mais de 1.500 escolas com algum programa bilíngue em nosso país, atendendo mais de 300.000 alunos. Contudo, esse número representa apenas 3% das escolas privadas e está muito distante quando comparado com os nossos vizinhos Chile e Argentina, onde o número está em torno de 10%. Aumentar a oferta dessas escolas é uma possível solução, mas que ainda atende poucos.
LEIA MAIS: 5 séries imperdíveis para aprender inglês no Netflix
De acordo com o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas), temos 47,3 milhões de alunos na Educação Básica e 179 mil escolas espalhados pelo nosso país. Considerando que mais de 80% dos alunos estão matriculados na rede pública e estão inseridos em um panorama extremamente desafiador, novas soluções são necessárias para que consigamos evoluir no ensino de inglês desses jovens.
Muitos acreditam que a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) foi um passo importante na mudança de abordagem do ensino da língua inglesa nas escolas, descrevendo as habilidades que os estudantes devem realizar com o idioma. Contudo, para que avanços realmente ocorram, é necessário investirmos fortemente na formação de professores visando transformá-los em falantes e ativos da língua que ministram aulas com um foco na oralidade que, talvez, seja o maior trunfo e o maior desafio da BNCC.