Enquanto advogada, também atuante no direito de família fico a observar como, por vezes, se dá o fim da conjugalidade, em especial quando a via eleita é a litigiosa.
A advocacia deve atuar para garantir os direitos da clientela, sem acirrar os ânimos, entre as partes, buscando entender, com sensibilidade e coerência, os sentimentos que se apresentarem durante o desenrolar da demanda.
Por muitas vezes, durante a lide, nos tornamos testemunhas da degradação dos sentimentos humanos, dentro dessas relações afetivas e familiares. Difícil perceber como normal e ver com naturalidade, tanto rancor, tanta mágoa, tanta intolerância, tanta violência e tanto ódio, emergirem de onde, supostamente, já houve afeto e respeito.
É cediço que os litígios de família são permeados de ressentimentos e muitas vezes, pelo desejo de vingança, por isso é fundamental que a atuação da(o) Advogada(o) seja profissional, objetivando viabilizar o processo e reduzir o grau de sofrimento das partes, principalmente quando existem crianças e adolescentes envolvidas.
Não é fácil sair da zona de conforto e decidir pelo fim de um relacionamento e, por isso, muitas pessoas, enquanto não se encorajam, terminam permitindo que a relação se desgaste totalmente. A insistência em permanecer dentro de relacionamentos ruins ocorre por inúmeros motivos… pode ocorrer por esperança de dias melhores, através de uma desejada mudança; pela naturalização da violência; por priorizarem as opiniões alheias; por medo de julgamentos; por medo da solidão ou ainda pela existência de algum tipo de dependência (financeira, psicológica, afetiva), dentre outras. Além do mais, por essas mesmas razões, pode haver uma reconciliação das partes, mesmo depois de um rompimento. NÃO NOS CABE JULGAR!
As mulheres, em especial, não priorizam a própria felicidade, não são educadas para isso. Muitas vezes não se vem como prioridade, nem pra si mesmas e acreditam que o ato de se priorizar, as tornariam egoístas.
A percepção de que o amor é uma consequência do respeito e da admiração com um cultivo diário, não faz chegar a conclusão de que é da forma como nos relacionamos que resulta o amor.
Valdilene Oliveira Martins
Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Instituto RESSURGIR
Esse post representa a opinião do colunista e não necessariamente a opinião do Kpacit.