A desigualdade de gênero é um assunto recorrente no mercado de trabalho, e os obstáculos enfrentados pelas mulheres diariamente precisam ser resolvidos, pois são vários pontos relacionados a jornada laboral que afligem as mulheres. De desigualdade social à posições de liderança, as mulheres sempre estão atrás dos homens nas estatísticas de emprego.
Mas o que mais surpreende é que as mulheres representam mais da metade nas graduações e pós-graduações. Então se as mulheres estão mais preparadas para o mercado de trabalho, porquê elas representam mais de 13% na fila dos desempregados, e homens apenas 10%? Veja agora 5 pontos que precisam ser solucionados urgentemente para desaparecer com a desigualdade de gênero no mercado de trabalho.
Remuneração
O primeiro ponto se trata da remuneração. O Fórum Econômico Mundial liberou um relatório onde evidencia que a diferença salarial entre homens e mulheres só vai acabar daqui a 100 anos. Segundo dados do IBGE, mulheres empregadas nas mesmas posições que homens ganharam até 28% menos que eles. E em 2018, os dados mostravam que essa diferença correspondia à 30%. Um avanço pequeno de 2%.
De acordo com Cimar Azeredo, coordenador do Trabalho e Renda do IBGE, os empregadores alegam vários “motivos” para o salário menor. “As mulheres têm mais dificuldades do que os homens. Numa firma pequena [em plena crise], imagine um homem e uma mulher [funcionários]. Imagine que essa mulher tem 24 anos e o homem, 28. Ela pode engravidar, terá de ficar de licença, outro funcionário ser contratado.“, afirmou Azeredo.
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Síndrome da impostora
Essa síndrome, que pode ser caracterizada pelo fato da mulher não se achar boa o bastante para um emprego, representa 70% das mulheres. No entanto, as estatísticas mostram que as mulheres são mais preparadas para o mercado de trabalho. Nas universidades elas somam mais de 55,1%, e nas pós-graduações 53,5%. Ou seja, mais da metade do corpo docente é composto por elas.
A síndrome da impostora trava as mulheres na hora da aplicação para uma vaga de trabalho. Segundo uma pesquisa da HP, as mulheres somente aplicam para uma vaga de trabalho se corresponderem à 100% dos requisitos, enquanto os homens aplicam para a mesma posição preenchendo somente 60% das exigências.
Licença maternidade
De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, após 24 meses da licença maternidade quase 50% das mulheres estão fora do mercado de trabalho. Os motivos diferem entre não ter com quem deixar os filhos, não ter creche e também pela demissão sem justa causa e por iniciativa do empregador, após o período de 4 meses da volta da licença assegurado pela CLT.
No vídeo abaixo, Cecília Machado explica os impactos que a maternidade tem na jornada de trabalho das mulheres.
Assédio
Quanto a mulheres, o assédio não precisa ser somente sexual. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), assédio pode ser caracterizado por condutas que não se restringir ao sexo, mas atos que prejudicam de alguma forma a vítima em seu ambiente de trabalho. A humilhação, a falta de oportunidades e o roubo de ideias são exemplos de assédios sofridos pelas trabalhadoras.
Ainda há o assédio sexual, que segundo a legislação brasileira é caracterizado quando alguém for constrangido “com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual”, desde que o agente aproveite da sua condição de superior hierárquico. De acordo com a OIT, 52% das mulheres já sofreram assédio sexual no trabalho. A falta de provas e punições é o que afasta as mulheres da denúncia.
Liderança
Apesar das mulheres investirem mais em educação e em qualificação, e ocuparem mais de 52% dos cargos que exigem ensino superior, os níveis de desigualdade de gênero nas empresas são alarmantes, apenas 19% assumem um cargo de liderança e somente 6% chegam ao cargo de CEO, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Enquanto isso os números expressam que as empresas em que mulheres assumem a liderança tem 1.4 vezes crescimento contínuo e aumento nos lucros. Os países mais bem-sucedidos na luta contra o coronavírus foram as nações lideradas por mulheres, como Nova Zelândia e Alemanha.
Mesmo com todos esses desafios e obstáculos, as mulheres vem conquistando a cada dia mais espaço, e projetando uma mudança no mercado de trabalho, contribuindo para um novo cenário, cujo redireciona para a direção correta, mas a velocidade em que está indo continua lenta.